5 metodologias de vendas para você conhecer e aplicar

Roberta da Trindade

Conheça cinco metodologias de vendas para você vender mais e melhor

Não! Não existe uma única forma de vender: vendedores são diferentes, clientes são diferentes, mercados são diferentes, por que a forma de vender seria igual?

Como está o domínio do seu time comercial, com relação às principais metodologias do mercado de vendas? Essa edição da Efoco Educa foi escrita para te apoiar no treinamento de sua equipe; selecionei 5 diferentes metodologias de vendas e explicarei brevemente sobre cada uma delas. Eu sou fã incondicional do SPIN Selling, mas é inegável que existem outras boas metodologias. À partir desse artigo, espero que consiga encontrar a adequada para seu público-alvo.

E já que citei o SPIN, vamos começar por ele:

1-     SPIN SELLING

O SPIN é minha metodologia queridinha, não só minha como de milhares de profissionais de vendas ao redor do mundo. Não à toa, escrevi um Guia de bolso sobre a metodologia SPIN e que se tornou best-seller nos primeiros meses. Nasceu na década de 80 à partir de estudos de Neil Rackham e equipe, os quais foram em busca de respostas sobre quais pontos de similaridade entre vendedores de alta performance, chegaram assim, após extensa pesquisa, às respostas e a partir daí nasceu a metodologia SPIN SELLING que nos apresenta o mapa da mina para a investigação impecável. Mesmo após tantos anos continua sendo usada com muita efetividade, sobretudo por quem trabalha com público B2B.

O Acrônimo SPIN descreve os quatro tipos de perguntas que devemos fazer para descoberta das dores de nosso cliente:
Situação – Problema – Implicação – Necessidade de Solução

O S de situação é o início de todo processo de vendas, a ideia é descobrir qual o cenário, qual o momento do nosso cliente. Já usa nossa solução? Me fale um pouco mais sobre sua empresa? O grupo possui quantos colaboradores? E assim por diante.

O P de problema vem na sequência e com esse modelo de perguntas tentamos entender se há algum problema ou necessidade a serem expostos ou descobertos: como tem sido a entrega dos seus produtos? Se seu colaborador mais antigo se ausentar, quem fará o treinamento da equipe? Qual a última data de manutenção do seu equipamento?

É importante frisar aqui, que grande parte dos vendedores para nas perguntas de problema e não aprofunda a investigação. Acontece que o cliente nem sempre consegue enxergar a partir desses questionamentos que possui uma dor ou um problema que precisa ser resolvido, é nesse aspecto que entra o I de Implicação.

As perguntas de implicação, deixam mais explícito ao cliente que ele possui um problema e que se não resolvido com rapidez, haverá uma consequência. Você comentou que seu fornecedor atual está atrasando nas entregas. Você já fez o cálculo do prejuízo que isso tem causado em termos de faturamento? Você me falou que a sua máquina é mais antiga, sendo assim, tem recebido mais manutenção. Você consegue me falar quanto tem perdido em produtividade com essas paradas para manutenção? Seu colaborador que treina os colegas mais novos da equipe é o mesmo que vende acima da média, segundo o que comentou. Essas paradas não significam para a empresa prejuízo?

E finalmente, o N de necessidade, aponta que você possui a melhor solução para seu cliente. Como entregas antecipadas poderiam ajudar em seu negócio? Você percebe que uma nova máquina sairá mais em conta a você do que gasta com as manutenções e paradas? Como te ajudaria ter mais profissionais na sua equipe com o mesmo nível de conhecimento?

Perceba, você não está vendendo nada, apenas apoiando seu cliente na escolha de melhores soluções.

2-     SANDLER

A metodologia foi criada por David Sandler e dentre as lições, uma das mais interessantes é: se a solução não atende ao cliente, o vendedor deverá abrir mão se necessário. Para Sandler, o vendedor deve ser um consultor com foco em qualificar os leads, criar relacionamentos e fechar a venda. Esse método nasceu na década de 60, cujos valores envolvem honestidade, sensatez e autorrespeito. É baseado na Psicologia do Comportamento e assim, pode ser usada em nossos dias.

Essa metodologia entende que os clientes criam mecanismos de defesa contra os vendedores, sendo motivados pelos modelos de vendas aplicados até então.

Com base nisso, 7 etapas foram formadas para apoiar o vendedor a “furar” esse bloqueio e fechar as vendas:

a.      Criação de vínculos: o vendedor vende -se como pessoa e depois vende o produto, pois para vender é necessário ter conexão.

b.      Acordo prévio- determina as regras, rumos, objetivos e os passos da negociação;

c.      Diagnóstico da dor- Aqui o vendedor compreende a diferença entre dor e necessidade. Para esse passo, Sandler incentiva pelo menos três contatos com o cliente para sair da superfície. Entende-se que é a dificuldade real e imediata que impulsiona o cliente à tomada de ação e por isso cabe ao vendedor conduzir o cliente do superficial à verdadeira razão do negócio, entender as entrelinhas do que o cliente traz e aproveitar a oportunidade para coletar as informações, fazer o cliente entender que o produto ou serviço que vem apresentar é o melhor pra ele;

d.      Orçamento- nesse passo é importante investigar o orçamento antes da proposta e a disposição em realizar investimentos; além de falar em dinheiro, importante investigar tempo, energia, pessoas;

e.      Processo de decisão- Aqui cabem as perguntas-chave para a tomada de decisão: como, qual, onde, por que, quem e quando

f.       Realização- firma compromisso para a decisão final, confirma as soluções para as dores e personaliza a proposta;

g.      Pós-vendas- busca indicações, incrementa negócios, observa concorrência, avalia satisfação.

3-     SNAP

Simplifique, esse é o mantra da metodologia SNAP Selling. Baseada em casos de sucesso, a SNAP propõe propostas claras e objetivas como o intuito de acelerar o processo de vendas. Introduzido no livro SNAP Selling: Speed Up Sales and Win More Business with Today’s Frazzled Customers, ainda sem tradução para o português, apresenta os seguintes ingredientes:

S- Simplicidade- solução apresentada de maneira simples

N- Novidade (inestimável)- informe o que o cliente não sabe, seja visto como um especialista, apresente a solução diferente de tudo.

A- Alinhamento- Expectativas e linguagem alinhadas ao cliente

P- Prioridades- identificar o que o cliente considera prioridade

Vendas de alta complexidade, não são as mais indicadas para essa metodologia, uma vez que demandam mais aprofundamento, embora seja indicada para os consumidores modernos, cada vez mais resistentes às reuniões de vendas. Indica-se para aplicação dessa técnica, vendedores especialistas que saibam se colocar em posição de autoridade no que diz respeito ao produto e/ou serviço vendido.

4-     ANUM

Se sua empresa comercializa produtos/serviços de custo financeiro elevado, preste atenção nesse método de qualificação. Para qualificar seu lead, o acrônimo ANUM traz a seguinte ordem:

A-     Autoridade – entender o perfil de cada decisor, uma vez que cada um possui interesses específicos;

N- Necessidade- entender se sua empresa consegue sanar as dores expostas pelo cliente;

U- Urgência- dentre a lista de prioridades do cliente, deixar evidente onde está a dor;

M- Money- identificar se a compra tem a ver com budget ou valor percebido.

Esse método é interessante na fase de qualificação e geralmente é utilizado junto com outro método para uma solução mais completa.

5-     MEDDIC

O método foi criado na década de 80 por Jack Napoli, que na época era responsável por comercializar soluções de alta tecnologia para executivos de uma empresa americana de software e serviços de informática. O MEDDIC é usado comumente para qualificar leads de vendas B2B complexas. Napoli ao descobrir o MEDDIC triplicou as vendas, que saltaram de US$ 300 milhões para US$ 1 bilhão. O MEDDIC é a metodologia usada por quase todos os principais players globais de software e SaaS -Software as a Service.

O acrônimo MEDDIC está relacionado às ações do vendedor para uma venda de sucesso e essa é uma diferença para outros métodos de qualificação, pois suas perguntas são destinadas à área comercial e não especialmente ao lead:

·        Metrics (métricas): quantificar em números sua solução, ou seja, quais as métricas a serem consideradas. Para isso é necessário entender exatamente os objetivos dos clientes, assim você consegue identificar o que precisará ser medido.

·        Economic Buyer (comprador econômico): quem tomará a decisão final da compra, ou seja, a autoridade que irá decidir a compra;

·        Decision Criteria (critérios de decisão): o profissional entende os critérios usados pelo contato ao tomar suas decisões. Esse fator é imprescindível, pois é variável conforme o negócio. Os critérios de decisão inclusive são divididos em três: técnico, comercial e legal

·        Decision Process (processo de decisão): não confunda com o item anterior. Aqui se entende o percurso da negociação, como a decisão será tomada levando em consideração desde o decisor até as etapas necessárias para a compra.

·        Identify Pain (identificação da dor): identificar a necessidade, motivo que fez com que o lead sentisse necessidade da sua solução.

·        Champion (campeão): transformar seu contato em defensor. Ter um Champion é ter um embaixador de sua solução e é essencial quando não consegue chegar diretamente no economic buyer, fato muito comum em empresas maiores.

Você poderá encontrar também na literatura O MEDDPIC com o conceito de Paper Process (Processos de Papel) que, se refere à identificação dos processos legais do início até o fechamento da venda. E poderá encontrar o MEDDPICC, que acrescenta além do Paper Process, a Competition (Competição), ou seja, além da sua solução, existe outro competidor?

E qual a melhor?

Tudo dependerá do seu público, do seu segmento, da maturidade do seu vendedor, vale estudar mais a fundo cada uma delas e achar a mais adequada ao seu negócio. Além dos métodos mencionados, existem outros, que mencionarei na próxima edição. Me conte qual seu método de vendas preferido.

Tem alguma metodologia que gostaria de saber mais a respeito? Deixe nos comentários que falarei mais sobre em próxima edição. 


Sobre a autora: Roberta da Trindade, fundadora e head comercial na Efoco Soluções em Recrutamento Comercial, especialista em Gestão de Pessoas e Gestão comercial, certificações internacionais na área de negociação, vendas e treinamento.


Por Roberta da Trindade 29 fev., 2024
Ano novo, desafios e oportunidades: 2024 chegou e, com ele, a necessidade de estarmos à frente das tendências que moldarão o cenário empresarial. As áreas de vendas e marketing assumem o papel de protagonistas, figurando como as prioridades máximas para as empresas no próximo ano. Lide/FGV - Prioridades para 2024: 48% dos líderes focarão na área comercial e 27% no marketing. A área mais demanda em 2023 apareceu somente em terceiro lugar. Salesforce- Tendências para 2024: Experiência do cliente, integração entre vendas e marketing, uso de dados e inteligência artificial, e personalização são as tendências-chave para 2024. Gartner: Vendas B2B mais complexas, inteligência artificial em ascensão, crescimento do comércio eletrônico e foco na experiência do cliente. Tenha insights lendo mais esse artigo do blog Efoco Educa
Por Roberta da Trindade 22 fev., 2024
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Por Roberta da Trindade 05 set., 2023
Você está com dificuldade de contratação? Saiba que não está sozinho! A escassez de talentos se tornou um enigma a ser desvendado, e o Brasil não é exceção. Em 2022, o índice de escassez global de talentos atingiu a marca preocupante de 75%, o maior nível em 16 anos. No Brasil, a situação era ainda mais crítica, com um índice de escassez de talentos de 81%, um aumento de 10 pontos percentuais em relação ao ano anterior. Os dados estatísticos de 2023, embora mostrem uma ligeira melhoria, ainda refletem uma realidade desafiadora. O índice global de escassez de talentos permanece alto, com 79%. No Brasil, embora tenha havido uma redução para 68%, a questão ainda está longe de ser resolvida. Por que a escassez persiste? Uma análise mais profunda revela que a escassez de talentos não se limita a um setor específico, mas afeta empresas de diversos segmentos. Os 5 setores com maior demanda por talentos no Brasil em 2023 incluem Tecnologia da Informação e Dados, Marketing e Vendas, Saúde, Educação e Manufatura. As empresas estão em busca de habilidades específicas, e muitas delas não podem ser facilmente encontradas em currículos. As 5 soft skills mais procuradas pelos empregadores são confiabilidade e autodisciplina, resiliência e adaptabilidade, raciocínio e resolução de problemas, criatividade e originalidade, pensamento crítico e capacidade analítica. Como as empresas estão respondendo? Frente a essa realidade, as empresas têm adotado uma série de estratégias para lidar com a escassez de talentos. Elas aumentaram seus investimentos em treinamento e desenvolvimento, reconhecendo a importância de construir um pipeline de talentos internos. Além disso, muitas perceberam a necessidade aumentaram os salários e benefícios, tornando suas ofertas mais atrativas. A adoção de novas tecnologias e ferramentas de recrutamento e seleção também se tornou uma prática comum, tornando os processos mais eficientes e permitindo que as empresas encontrem talentos de forma mais precisa. O que as empresas brasileiras estão fazendo? Um aspecto notável da resposta à escassez de talentos é a adaptação das empresas brasileiras em suas abordagens: Ambev: Investiu em um programa de formação para jovens de baixa renda, fornecendo qualificação profissional e oportunidades de emprego. Natura: Contrata pessoas com deficiência para todas as posições, promovendo a inclusão no local de trabalho. Magazine Luiza: Investiu em uma cultura organizacional positiva e inclusiva, criando um ambiente de trabalho que valoriza a diversidade. Oferece também um programa de reskilling - requalificação- para funcionários que desejam mudar de área, investindo em seu desenvolvimento. iFood: Oferece um programa de estágio para estudantes de baixa renda, promovendo a educação e o desenvolvimento de jovens talentos. Nubank: Oferece um programa de flexwork para funcionários que desejam trabalhar de casa, priorizando a flexibilidade. Estratégias Inovadoras de Recrutamento Além das estratégias tradicionais, empresas brasileiras têm buscado abordagens inovadoras para recrutamento e seleção: iFood: Utiliza inteligência artificial para automatizar o processo de recrutamento, analisando currículos e conduzindo entrevistas iniciais. Magazine Luiza: Adotou gamification para tornar o recrutamento mais envolvente, usando jogos e desafios para avaliar candidatos. Nubank: Terceirizou o recrutamento para uma empresa especializada, permitindo que a empresa se concentre em outras áreas de sua operação. Essas estratégias demonstram a capacidade das empresas brasileiras de inovar e adaptar-se em um mercado competitivo. Dicas para se destacar em um mercado competitivo Em um mercado onde os talentos qualificados são disputados a dedo, tanto empresas quanto profissionais podem adotar algumas diretrizes para se destacar: Para empresas: Oferecer mais flexibilidade: Adotar práticas flexíveis de trabalho pode atrair talentos que valorizam o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Investir em treinamento e desenvolvimento: Desenvolver as habilidades dos funcionários atuais pode ser mais econômico do que procurar constantemente novos talentos. Diversificar a força de trabalho: Incentivar a diversidade e a inclusão pode trazer perspectivas valiosas para sua empresa. Promover a marca empregadora: Ter uma reputação sólida no mercado como um ótimo lugar para trabalhar atrairá talentos. Oportunidades para quem está em início de carreira: isso gera fidelidade, possibilitando a retenção de talentos, bem como, oferece oportunidades para a empresa treiná-los conforme a sua cultura . É importante lembrar que além dos hard skills, os soft skills são essenciais para que o profissional exerça trabalho de excelência. Oportunidades de crescimento e cultura positiva: tão importante quanto recrutar é reter. Oportunidades de ascensão profissional e cultura positiva são essenciais na decisão de se manter ou não em uma empresa. Para profissionais: Vivemos um paradoxo no Brasil, pois ao mesmo tempo em que a escassez de talentos é uma realidade, o desemprego também é. Um fator crítico que contribui para a complexidade da escassez de talentos é a falta de qualificação profissional. No Brasil, dados do IBGE revelaram que em 2022, 47% dos trabalhadores brasileiros não possuíam qualificação profissional. Portanto, investir em educação e formação profissional é fundamental para preparar uma força de trabalho que atenda às necessidades do mercado de trabalho em constante evolução. Invista em desenvolvimento de habilidades: Mantenha-se atualizado e desenvolva as habilidades mais demandadas pelo mercado. Networking: Construa relacionamentos profissionais para acessar oportunidades através de conexões. Aprimore suas soft skills: Além das habilidades técnicas, trabalhe suas soft skills, que são altamente valorizadas pelos empregadores. Quem não é visto, não é lembrado: procure manter seu currículo atualizado no LinkedIn ; se gostar de produzir conteúdo, é uma boa oportunidade para demonstrar o que sabe nas redes. Apresentação adequada : atualize seu currículo/ portfólio para cada vaga a qual se candidatar. Um currículo genérico pode ser menos trabalhoso, mas fará você perder oportunidades. Em resumo, a escassez de talentos é um desafio multifacetado que exige estratégias abrangentes por parte das empresas e um compromisso contínuo com o desenvolvimento de habilidades por parte dos profissionais. Enquanto a busca pelo talento ideal persiste, a capacidade de adaptação, aprendizado contínuo e inovação serão os diferenciais em um mercado competitivo e em constante mudança. 
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